quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Ídolos de Barro

Ídolos de Barro


Morreu Amy Winehouse. A morte da cantora britânica foi destaque nos noticiários em todo o mundo. Enquanto estou escrevendo este artigo, a causa mortis ainda não havia sido divulgada, ou pelo menos é indeterminada. Mas tudo leva a crer ter sido vítima de ingestão excessiva de drogas. Afinal, não era segredo para os fãs que ela era viciada em álcool e drogas afins. Isso era público e notório, inclusive durante seus shows, por várias vezes, teve de ser socorrida ao sofrer ataques e convulsões em decorrência do uso das drogas.
A mídia mostrou a imensidão de fãs ao redor do mundo. Uns chorando pela morte da cantora, outros relembrando os sucessos dela, outros fazendo vigílias e orações, etc.
O que chama a atenção é como uma pessoa de comportamento e hábitos tão desabonadores conseguia atrair a admiração de pessoas no mundo inteiro.
Todos temos essa facilidade em nos espelhar em alguém, admirar e dedicar credibilidade. Isso é ser fã. Cada um tem seu ídolo.
Mas, qual o critério para escolher alguém para admirar? Para ser fã de um pop star da música, que característica precisa apresentar? Para ser fã de um ator ou atriz, qual deve ser a performance? Para admirar um jogador de futebol, quais os requisitos?
Para que um ídolo tenha fãs a vida dele precisa ter publicidade. Afinal, seus seguidores querem saber tudo a seu respeito. Detalhes do tipo: o que come, quando come, porque come; aonde vai, quando vai, porque vai; o que veste, quando veste e porque veste; e daí por diante. Usam os sites de rede social para "segui-los" minuto a minuto. Fácil concluir que essa publicidade da vida pessoal e íntima de um ídolo é diuturnamente exposta. Portanto, um ídolo é uma pessoa pública.
Sendo uma pessoa pública, referência para seus fãs, seguida constantemente, creio que precisa tomar alguns cuidados. Vigiar os próprios passos, fazer ou não fazer algo que venha a destruir sua imagem perante seus seguidores. Do contrário perderá a legião que o admira.
No entanto, na maioria das vezes percebe-se o contrário. Quanto mais escândalos, quanto mais ibope na mídia sensacionalista, quanto mais se divulga más notícias, mais arrebanha admiradores.
Na década de 60, um grande jogador de futebol era considerado ídolo. Trata-se do ainda lembrado Mané Garrincha. Mas, ao longo da carreira acumulou escândalos e ações pitorescas. Envolveu-se com bebidas alcoólicas, teve um romance conturbado com a cantora Elza Soares, se entregou ao vício da jogatina vindo a morrer pobre e esquecido no ostracismo.
Ao mesmo tempo surgia outro ídolo que soube bem preservar a imagem, conservando-a até hoje e tendo admiradores que nem nunca o viram jogar: Pelé. Outro que também soube manter a vida pública e privada dentro dos padrões da moral e da ética foi Zico. Ainda é ídolo. No campo da música pode-se citar Roberto Carlos. Ídolo que mesmo septuagenário nunca perdeu a pose. Das telinhas da TV e do cinema bem como dos palcos dos teatros vale mencionar Tarcísio Meira. Talvez o único dentre os artistas a manter um casamento por meio século. Nunca se divulgou que ele estivesse envolvido em escândalos, em comportamento desabonador. Mas nem assim eles escaparam de algum tipo de erro.
De outro lado, alguns foram ou são excepcionais em suas áreas, mas levaram uma vida desregrada, recheada de escândalos. Romário, Ronaldo Fenômeno, Adriano Imperador, Bruno do Flamengo, Jane Joplin, Jimi Hendrix, Cazuza, Michael Jackson, o primeiro ministro, Silvio Berlusconi, a princesa Diana. Esses são apenas alguns exemplos. E Amy Winehouse? Nem se fala!
Afinal, que ídolos são esses? O que de bom exemplo eles passam? Até onde se pode dedicar a eles uma admiração, fé, credibilidade? Ora, um ídolo é um modelo, um espelho!
Na verdade, a conclusão que se chega é que todos são pessoas, imperfeitas como seres humanos, sujeitas a erros. O melhor mesmo é admirar, mas com reservas, sem esquecer jamais que estão sujeitos a cair. Afinal, todos são feitos da mesma matéria: barro. E o barro está sujeito a cair e quebrar. Mas, também estão sujeitos a nova moldagem.
Amy Winehouse viveu de escândalo em escândalo, na desordem, no tumulto, no alvoroço. Caiu várias vezes. Teve oportunidade de nova moldagem. Agora voltou ao pó, ao barro. Que pena. Deixou órfãos seus fãs, a chorar e lamentar a perda do ídolo. Serve de alerta: tenha seu ídolo, mas saiba que o único que jamais caiu e nunca se envolveu em escândalos não foi feito de barro, mas gerado pelo Espírito. Jesus. Meu ídolo.
É minha opinião!


Dr. Hélio Pedro Soares
(Promotor de Justiça e Presidente da PIB de Teófilo Otoni/MG)

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